Até ao século XX, na Europa, o hábito de fumar era praticamente exclusivo do género masculino. Acontece que, por volta da década de vinte, em consonância com o papel cada mais interventivo da mulher na sociedade, foram iniciadas fortes campanhas publicitárias da indústria tabaqueira, tendo como população-alvo as mulheres. E o objetivo, infelizmente, foi conseguido.

Foram utilizadas ferramentas publicitárias que ligavam o consumo do tabaco aos conceitos de libertação da mulherm da igualdade entre géneros, da modernidade e da elegâncias. Slogans como “algumas mulheres vêem o cigarro em vez de comer doces” penetraram fortemente no ideário feminino. O desconhecimento que então se tinha dos malefícios do tabaco fez o resto e os resultados foram dramáticos. As mulheres fumadoras estão expostas às mesmas agressões que os homens, pelo que os efeitos são semelhantes: elevadas incidências de doenças cardiovasculares, de DPOC e de vários tipos de cancro, desde o do pulmão até ao da bexiga, passado pelos da boca, laringe e estômago.

Porém, apesar desta igualdade de efeitos em ambos os géneros, as características biológicas das mulheres fazem com que nelas sejam acrescidos outros malefícios, devidos a uma maior sensibilidade às substâncias cancerígenas contidas no fumo do tabaco. Por exemplo, osteoporose, envelhecimento cutâneo e cancro do colo do útero são algumas das consequências específicas nas mulheres fumadoras.

OS FILHOS DE MÃES FUMADORAS CORREM MAIS RISCOS DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS GRAVES

Também aspetos ligados à função reprodutiva sofrem impactos significativos. Assim, para além do risco aumentado de cancro do colo do útero, a mulher fumadora apresenta diminuição da fertilidade, aumento da incidência de alterações menstruais e, muitas vezes, sofre de menopausa precose. Pior ainda é a realidade aquando da gravidez. Devido à absorção das substâncias químicas contidas no fumo do tabaco, que circulam no sangue e chegam ao feto devido à sua passagem através da placenta , o bebé em formação passa a ser um bebé fumador.
E tal tem consequências devastadoras. Assim, têm sido registados nas grávidas que fumam, maiores índices de abortos espontâneos, fetos mal formados ou pouco desenvolvidos, nascimentos prematuros e crianças com baixo peso à nascença.

Em grávidas fumadoras são ainda registados níveis mais elevados de morte fetal. E se esta é a realidade nas grávidas fumadoras ativas, presume-se que o mesmo se passe, com menor impacto, nas grávidas fumadoras passivas.
E o problema continua para além da gestação: os filhos de mães fumadoras durante a gravidez apresentam níveis mais elevados de doenças respiratórias na primeira infância: bronquiolites, infeções respiratórias de repetição e asma.

Diz o povo que “não há maior amor do que o de mãe”. Fumar durante a gravidez prejudica gravemente a criança que está a ser formada e será seguramente um acto de desamor. Se está grávida, atenção… é proibido fumar por si e pela criança que vais nascer!

/// Nutrição – Revista Sauda+ nº27, Edição de Janeiro de 2018