A pressão arterial é um dos parâmetros clínicos que mais se considera no âmbito da consulta ou vigilância médicas. Cada um certamente mede a pressão arterial várias vezes ao longo da sua vida. No entanto coloca-se a questão: qual o seu significado e a sua importância?

A pressão arterial é a força que o sangue faz contra as paredes das artérias de cada vez que ocorre um batimento cardíaco.

Sempre que o coração bate, bombeia o sangue para as grandes artérias. Quando o coração contrai para empurrar o sangue para as artérias, reflete a pressão sistólica (pressão máxima); quando o coração relaxa entre 2 contrações, a pressão sanguínea dentro das artérias baixa, refletindo a pressão diastólica (pressão mínima).

O valor sistólico reflete o débito cardíaco e a força com que o sangue sai do coração e o valor diastólico reflete o estado das arteríolas (vasos sanguíneos mais estreitos situados nos órgãos): quando elevado significa que estes vasos se encontram contraídos ou obstruídos, oferecendo maior resistência à passagem do sangue no seu interior.

Pela norma da DGS (2013), os valores de referência para a classificação da pressão arterial são os seguintes:

Classificação

Valores em mmHg

Ótima

sistólica <120 e diastólica <80

Normal

sistólica 120-129 e/ou diastólica 80-84

Normal Alta

sistólica 130-139 e/ou diastólica 85-89

Hipertensão

sistólica 130-139 e/ou diastólica 85-89

Enquanto a pressão arterial baixa dá origem a sintomas desconfortáveis, como tontura nas mudanças de posição repentinas, uma pressão arterial alta, na maioria dos casos não causa sintomas. No entanto, a persistência de valores altos, resulta em esforço para o coração e para os vasos sanguíneos, podendo causar lesões em vários órgãos e aumenta o risco de acidentes cardiovasculares, como enfarte, AVC, insuficiência cardíaca. Assim, o diagnóstico atempado de hipertensão e o seu controlo pode evitar graves consequências.

Como se mede?

Usam-se equipamentos próprios, de coluna de mercúrio ou manómetros, mais tradicionais, ou eletrónicos.

Estes últimos, têm a vantagem de serem mais práticos e não dependerem de um profissional, mas requerem determinados cuidados, como serem clinicamente validados para serem fiáveis e reprodutíveis.

Estes equipamentos permitiram também uma evolução no auto-controlo da pressão arterial, nomeadamente em casos de hipertensão, envolvendo cada doente no seu próprio processo de tratamento. Tendo oportunidade de efetuar as suas próprias medições em casa, o doente evita o efeito “bata branca” e faz as avaliações em horários diferentes do dia, mantendo um registo para mostrar ao médico.

Quando e onde controlar

Controlar a pressão arterial, mantendo-a em níveis normais, passa sempre por um estilo de vida saudável, sem excessos alimentares, praticando atividade física e manter baixos níveis de stress.  Quando o risco fica muito aumentado e aparecem complicações, torna-se necessário tomar medicamentos e manter uma vigilância mais ativa.

A medição da pressão arterial deve ser feita respeitando as regras básicas e com a frequência que justifica a situação de cada pessoa, independentemente se é realizada em casa ou num espaço clínico.

A hora em que se realiza a medição também pode ser importante, nomeadamente quando se pretende conhecer o ritmo da variação da pressão arterial ao longo do dia em função da terapêutica ou da atividade individual.

A farmácias e o farmacêutico são muito procurados para realizar o controlo periódico da pressão arterial. Sem dúvida que a grande disponibilidade e acessibilidade destes profissionais de saúde, fazem deles grandes aliados para a monitorização cuidada da pressão arterial, bem como ajudar os doentes a perceber a importância deste controlo e a necessidade de evitar as complicações associadas, explicando as medidas não farmacológicas e a importância da correta utilização dos medicamentos

Dra.Sónia Correia –  Adaptado do artigo próprio publicado na Revista “Saúde Sénior” Maio 2021